10 SINAIS de um DERRAME CEREBRAL SILENCIOSO que são IGNORADOS (AVC SEM SINTOMAS)?

Você sabia que em 2022 o derrame (ou Acidente Vascular Cerebral) se tornou a principal causa de morte no Brasil? Foram mais de 300 mortes por dia no ano passado.

E  o avc não escolhe idade: pode acontecer em jovens, adultos e idosos.

Quase meio milhão de brasileiros são diagnosticados com AVC todos os anos. Aquelas pessoas que tiveram sorte e sobreviveram a um derrame podem ficar com alguma sequela:  de memória, de fala, de movimento ou coordenação, de visão que vai afetar a sua vida e de seus familiares profundamente, sendo a principal causa de incapacidade evitável no mundo.

Mas tem uma coisa que você talvez não saiba. A maioria dos derrames são silenciosos.

Pode parecer estranho, mas é verdade, a maioria dos avcs não tem aqueles sintomas clássicos de fraqueza de um lado do corpo, de fala embolada... essa é a exceção e não a regra.

 

 Será que derrame silencioso é diferente de um derrame típico?

 

Com certeza!  E esse é o assunto do vídeo de hoje: derrame silencioso – os 10 sinais que você não pode ignorar.

  

A maioria dos AVCs são isquêmicos- 80-85% dos casos- que acontece quando há um bloqueio, um entupimento, em uma artéria, que impede a chegada de sangue rico em oxigênio e nutrientes ao cérebro.

Dependendo da largura da artéria obstruída e do local de obstrução, se é no começo ou lá no finalzinho, os sintomas vão variar. Só uma coisa que não muda:  sem o tratamento adequado, aquela área do cérebro onde ocorreu o evento vai morrer!

 

Então você não pode ficar parado, esperando o tempo passar e os sintomas melhorarem. 

Quando se trata de um AVC, cada minuto conta. Primeiro porque sintomas atípicos ou aqueles que as pessoas podem pensar que são “leves” podem evoluir rapidamente com um derrame mais extenso e com sequelas maiores.

Em segundo lugar, porque múltiplos derrames pequenos são uma causa comum e evitável de demência.

 

Por isso é tão importante saber reconhecer os sintomas. Também é fundamental não se esquecer de uma regra básica:

A pessoa com derrame deve ser levada a um pronto socorro I-ME-DI-A-TA-MEN-TE. Quanto mais cedo a pessoa recebe o tratamento correto, menores as sequelas.

 

Mas como saber que a pessoa está tendo um derrame?

 

A primeira característica é que os sintomas do AVC aparecem de uma hora para outra, rapidamente.

A pessoa não estava sentindo nada e de repente começa a passar mal. Qualquer sintoma que surja em questão de segundos ou poucos minutos deve ser um alerta.

Quais são os sintomas clássicos de um derrame?

 

  • Alterações na sensibilidade da pele- dormência em mãos, braços, rosto

  • Fraqueza em um lado do corpo

  • Dificuldade para falar, uma fala embolada.

  • Alteração ou perda de visão, principalmente quando acomete a região occiptal, aqui atrás do cérebro

  • Desvio de rima, que é aquele sorriso torto

  • Dores de cabeça fortes

  • Não consegue deglutir, engolir direito

  • Tonturas e desequilíbrio

 

E como identificar os sintomas clássicos de um AVC de uma forma bem ágil?

 

Lembre-se da palavra SAMU.

 

SAMU

 

S de sorriso- Peça para a pessoa  sorrir e observe se a boca está torta. 

Um lado não sorri? Ou metade do rosto está paralisado ou fica caído como um sorriso torto? - tem algo errado.

 

A é de ABRAÇO- Peça à pessoa te dar um abraço, 

ou levantar os dois braços. Um deles  está fraco? Ela não consegue levantar? Isso é um problema!

 

M é de música -  Peça para a pessoa cantar  uma música ou repetir uma frase simples.  

Tem dificuldade na fala? Sua  fala é arrastada ou esquisita?

 

O U é de urgência- como já falei, vale a pena repetir:  tempo é cérebro.

Se você observar qualquer  um desses sinais, ligue para o SAMU imediatamente,  ou vá para a emergência o mais rápido possível.

Não aguarde! Cada minuto é precioso! Quanto mais  tempo se passar, maior poderá ser a sequela. Não espere os sintomas passarem porque se for um avc, não vão passar, e pode ser tarde demais para recuperar.

 

Então, lembrando da palavra SAMU já pode salvar uma vida. Você estará na frente de 80% das pessoas em reconhecer os sintomas de um avc. Tem um estudo de 2009 que mostrou que menos de 20% das pessoa conseguem identificar os sinais de alarme.

 

Mas, como já disse, esses são os sintomas típicos. Se tiver um dos sintomas que acabei de listar, a chance de estar tendo um derrame é maior que qualquer outro diagnóstico como glicose baixa, por exemplo.

 

O problema é que apenas uma minoria tem esses sintomas. Estudos mostram que, na realidade, a maioria dos derrames é “silencioso”.

Isso significa que a pessoa não tem os sintomas típicos, mas sim outros sintomas mais sutis, que podem ser facilmente atribuídos a outras causas.

 

Veja como é complicado, né. Se a maioria das pessoas já não consegue identificar os sintomas típicos, imagine quando o AVC vem “disfarçado”?

 

Imagine quantas pessoas ficarão em casa perdendo neurônios, as células preciosas do cérebro, enquanto esperam os sintomas melhorarem. Com esse vídeo você não vai ser uma delas...

 

Preste muita atenção nesses 10 sintomas que podem indicar de um AVC silencioso.

 

 

10º sintoma- Sonolência

A sonolência associada ao derrame geralmente aparece de repente e sem aviso. É diferente do cansaço normal por falta de sono ou excesso de trabalho, que tende a aumentar gradualmente com o passar das horas.

Também não é aquela sonolência que melhora se você joga água fria no rosto ou sai para dar uma caminhada. A pessoa pode dormir mesmo no meio de uma conversa, por mais que tente acordá-la.

 

9º sintoma- Náuseas e vômitos

Quando a náusea se apresenta como um sinal de acidente vascular cerebral, ela também surge de forma súbita e comumente pode estar associada a sensação de tontura ou vertigem (quando vemos tudo rodando).

Diferente das náuseas causadas por problemas de um rotavírus, por exemplo, nesse caso não costuma haver dor abdominal, diarreia ou alteração na consistência das fezes.

 

8º sintoma- Convulsões

Alguns casos de AVC se manifestam como crise convulsiva, que são abalos motores generalizados associados à perda da consciência.

Se um adulto que nunca teve diagnostico de epilepsia tem uma crise convulsiva sem motivo aparente, ele precisa ser levado ao hospital imediatamente, pois pode estar tendo um AVC.

 

7º sintoma- Soluços

O soluço neste caso geralmente é persistente por várias horas ou dias e sem causa aparente.  

Você tem que ir à emergência se seus soluços forem acompanhados por outros sintomas como dormência ou problemas de coordenação

  

6º sintoma- Dor

Uma das apresentações raras de AVC é a dor. A pessoa pode ter dor na face, em metade do corpo ou em um membro, por exemplo. a dor pode ser episódica, transitória ou persistente e pode anunciar outros sintomas debilitantes do AVC, como a hemiparesia que é a perda da força naquele membro. A dor é tipo queimação;

 Além disso, os derrames também podem causar dores de cabeça devido ao aumento da pressão dentro do crânio, bem como rigidez do pescoço associada à limitação de movimento.  

 

5º sintoma- Desmaio

Síncope, é um sintoma comum de acidente vascular cerebral que pode ser facilmente ignorado.

A síncope relacionada ao AVC pode ser difícil de diagnosticar porque seus sintomas geralmente são semelhantes àqueles causados por outras condições médicas, como pressão arterial baixa ou desidratação.

É por isso que os médicos recomendam procurar atendimento médico imediato sempre que você se sentir fraco sem motivo aparente - especialmente se tiver algum fator de risco para derrame, como níveis elevados de colesterol e diabetes.

 

4º sintoma- Lapsos de memória

O lapso de memória é um sintoma comum de acidente vascular cerebral, mas em alguns casos ele pode ser o único sintoma.

Os sintomas variam de esquecimento leve a formas mais graves, como amnésia anterógrada - a incapacidade de formar novas memórias após o início do derrame.

 

 

3º sintoma- Tonturas

Tontura é um sintoma de acidente vascular cerebral muitas vezes esquecido. Um início súbito de tontura não deve ser ignorado e pode indicar a presença de um acidente vascular cerebral.

 

2º sintoma- Desorientação

Uma confusão ou dificuldade em se orientar em relação ao tempo e ao lugar, como esquecer onde você está ou que dia é hoje, também leva diretamente a problemas de perda de memória de curto prazo.

Eu tenho vários pacientes que passaram em uma  consulta por perda de memória e , quando vamos olhar a tomografia do crânio, encontramos sinais de vários pequenos AVCs antigos.

Se tivesse detectado o primeiro, possivelmente teríamos conseguido prevenir todos os outros avcs.

  

1º sintoma- Manifestações neuropsiquiátricas

Há relatos de pacientes que apresentaram, como único sintoma de um derrame, sintomas compatíveis com distúrbio bipolar ou mesmo um surto psicótico,

Devemos suspeitar desses casos se o quadro psiquiátrico tem início súbito principalmente se ocorre em pacientes mais idosos, que não se encaixam no perfil da maior parte dos pacientes com aquela doença. Há relatos de sintomas paranoides e alucinações visuais.

 

E agora você deve estar pensando:

Quais são as 7 principais causas de um AVC?

 

1a causa você deve ter acertado é a Pressão alta.

Só de ter pressão alta já aumenta em 2 a 4x seu risco de ter um AVC.

 

2a causa: doenças cardíacas-

desde arritmias cardíacas— a principal arritmia que causa derrame é a fibrilação atrial.  Mais de dois milhões de brasileiros têm fibrilação atrial. E sabemos que a fibrilação atrial aumenta em até 6x o seu risco de ter derrame.

 Por isso que na maioria dos casos de fibrilação atrial nós tratamos com anticoagulantes.

 Mas será que é só fibrilação atrial que pode causar derrame? Não! Defeitos nas válvulas cardíacas, quando o coração está dilatado ou fraco— vai aumentar as câmaras do coração podem resultar em coágulos sanguíneos que, novamente, podem se soltar e bloquear uma artéria do cérebro. 

 

E outras causas cardíacas como um forame oval patente, o FOP, que pode aumentar seu risco de ter um derrame.

 

3a causa-  Aterosclerose-

que é a formação de placas nas artérias, como nas carótidas, ou mesmo nas artérias que irrigam seu cérebro.

 

4a causa Tabagismo


Se você fuma saiba que aumenta o seu risco de um AVC isquêmico em 2x e hemorrágico em até 4x. Isso porque o cigarro inflama e aumenta risco de aterosclerose e rotura de placas, além de aumentar o risco de tromboses.

 

5a causa- Diabetes


Sim, o açúcar alto no sangue lesa os vasos sanguíneos de todo o corpo, incluindo dentro do cérebro. 

 

6a causa: Colesterol Alto


Tanto LDL- o colesterol ruim- alto quanto o HDL, o colesterol bom, baixo, aumentam o risco de AVC.

 

7a causa- sedentarismo e obesidade


A inatividade física e também a obesidade estão associadas à hipertensão, diabetes e doenças cardíacas.  Então aumenta seu risco de AVC.

 

Quais são os tratamentos para derrame? 

Os tratamentos dependem do tipo de derrame e  do estágio da doença. As diferentes etapas são:  

1.    Tentar interromper um derrame enquanto ele está acontecendo

2.    Tentar superar as sequelas

3.    Prevenir novos derrames

 

 No caso dos derrames silenciosos, nem sempre o tratamento agudo como trombólise é indicado. O médico da emergência vai considerar os riscos e benefícios do tratamento de acordo com a situação de cada paciente.

 

A parte e superar as sequelas é semelhante à do derrame comum, mas pela sequela ser menor, geralmente o tratamento não precisa ser tão intensivo e a recuperação é mais rápida.

 

Mas, o que vai fazer toda a diferença no caso derrames silenciosos é prevenir novos episódios. E aqui muita coisa pode ser feita, pois cerca de 9 em cada 10 casos de AVC são preveníveis apenas controlando fatores de risco para doença,

 

  1. Uso de AAS – se não existir contraindicação, tanto pacientes com AVC isquêmico documentado, quanto pacientes com ataque isquêmico transitório (AIT) devem receber essa medicação.  E.

 

2.    Tratamento de hipertensão

 

metas de pressão arterial < 130×80 mmHg.

 

 

3.    Identificação e Tratamento de arritmias

 

A fibrilação atrial é arritmia relativamente comum em pacientes com AVC, sua apresentação pode ser paroxística—que não fica o tempo inteiro, levando a necessidade de monitorização do ritmo cardíaco de forma prolongada como um holter

 

4.   Anticoagulantes, se precisar

Nos casos em que é impossível evitar a fibrilação atrial, a anticoagulação faz diferença

 

4.    Tratamento do colesterol,

quanto mais baixo o LDL colesterol, melhor.

 

 

5.    Cirurgia

para aqueles que sofrem AVC com obstrução significativa da artéria carótida do mesmo lado do AVC. Nesses casos pode ser pensado em angioplastia com stent ou a endarterectomia, que é a cirurgia para limpar a placa de gordura.

Ambos os tratamentos apresentam benefícios a longo prazo, como melhora do fluxo cerebral e diminuição das chances de derrames recorrentes.

 

6.    Mudanças de hábitos de vida.

Pare de fumar, mantenha o peso adequado, siga uma dieta equilibrada, com muitas frutas e verduras, controle seu colesterol, sua glicose e sua pressão arterial.

 

Meu nome é André Wambier,  cardiologista e esse é o Cardiodf.com.br

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E até o próximo vídeo.